Sad Clown

   Acredito que todos procuram uma forma de se definir. E, depois de 30 anos, achei a definição perfeita para mim. Baseado no que já vivi, no que sinto dentro de mim, encontrei a forma mais próxima que posso exprimir em nossa cultura humana limitada. Sou como um palhaço em um picadeiro. Um "Sad Clown", um palhaço triste. No picadeiro da vida, vivo encenando e atuando coisas que, na verdade não sinto. Essa alegria demonstrada não está presente na minha alma. Como um ser pensante, não consigo compactuar com as regras, costumes e morais que existem nesse mundo. Talvez todos nós sejamos palhaços de um circo armado a muito tempo, onde precisamos demonstrar atitudes que não seriam de nossa escolha mas que são necessárias para conviver em sociedade.
  E quando me olho no espelho e tiro a "máscara", me enxergo como realmente sou. Nessa hora, meu verdadeiro ser mostra-se e com ele vem a realidade de uma vida sem sentido, distante de tudo e todos. Ao cair da máscara, a atuação acaba, os falsos sorrisos morrem aos poucos e a tristeza predomina de tal forma que, ao me ver, sinto a infinitude de tudo. O quão pequenos e sem sentidos nós somos perante toda a grandiosidade do todo. 
  Vejo as pessoas gastando tanto tempo com coisas supérfluas e inúteis que me pergunto quando vamos acordar. Quando conseguiremos mudar nossa essência e não apenas escondê-la. 
    Ao acordar pela manhã, uma como qualquer outra, todo o processo recomeça. Recoloco a máscara, e me preparo psicologicamente para enfrentar mais um dia de circo, onde os verdadeiros palhaços são aqueles que sabem que vivem em um mundo de mentira e, assim como eu, sofrem calados atrás de suas máscaras pintadas.

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