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Alma Peripatética

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Assim como os peripatéticos de Aristóteles, todos somos itinerantes. Talvez não no sentido literal da palavra, mas sempre estamos em movimento. Nosso aprendizado se dá desde sempre e quem sabe antes mesmo de nascermos. Alma, corpo, espírito, são coisas complexas demais para termos certezas. O ser humano adora afirmar as "verdades" que possui, mas isso me parece uma forma de "blindagem" contra as dúvidas da nossa existência, uma forma de burlar a angústia que o "não saber" nos provoca. Se pensarmos bem, nosso conhecimento é tão limitado que, de certa forma, não podemos culpar aqueles que não o procuram. Mesmo em ritmo menor, ainda assim, essas almas estão em movimento, avançando e aprendendo. Ninguém é igual depois de um segundo. E é exatamente esse movimento que faz com que nossas experiências nos moldem a cada tic tac do relógio da vida.  Por isso é tão importante que usemos este tempo tão precioso, cuidando de nós mesmos. Esse cuidado implica a preo
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"Cismada, Sofia parou um instante no passeio de saibro. Tentou concentrar todo os seu pensamento no fato de existir, a fim de esquecer que um dia deixaria de existir. Mas não conseguia. No mesmo instante em que se concentrava no fato de existir, pensava também que um dia morreria. E o mesmo ocorria ao contrário: só quando sentiu intensamente que um dia desapareceria é que pôde entender exatamente o quanto a vida era infinitamente valiosa. E quanto maior e mais clara era a face da moeda, tanto maior e mais clara se tornava a outra. Vida e morte eram os dois lados de uma mesma coisa." (O Mundo de Sofia)

Eu, robô?

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   Em algum momento da vida você já se perguntou quem é e o que faz aqui? Acredito que todos nós já sentimos, de uma forma ou de outra, essa vazio da dúvida. Esse mesmo vazio que é evitado por uns e procurado por outros, mas que possui uma única característica inegável: a angústia.   A angústia nos faz perceber o quanto é difícil não saber, uma vez que o ser humano é questionador por natureza. E questionando, quer sempre chegar à resposta, utilizando a forma mais rápida e menos dolorida. E esta forma mais fácil para se chegar a uma resposta é encontrada de diversas formas e lugares. Religião, drogas, dogmas, pessoas, profissões etc. Esses escapes são formas mais rápidas para sossegar o ego e a alma. Desejos palpáveis, onde a pessoa procura alicerçar seu desespero de tal forma a não precisar se questionar o porquê das coisas. Assim, foi se fomentando uma sociedade onde o supérfluo tornou-se importante. Só que esta estrutura está fadada ao fracasso, uma vez que sua base é extremamente

Não é tristeza ... é só ...

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Não sei como explicar o que sinto as vezes. Esse sentimento pode ser confundido com tristeza mas não sei se essa definição é a correta. Nos nossos moldes, as tristeza é algo ruim, que ninguém procura. E se eu te falasse que me sinto bem com a tristeza? Vai parecer muito estranho?    Sabe aquele dia de chuva que provavelmente você detesta, somado à uma boa xícara de café e um livro? Ouvir o som da chuva lavando a terra, olhar pela janela salpicada de gotas enquanto sente aquele friozinho que provoca um calafrio. Quando é você com você mesmo, imersos em pensamentos, envolvidos em seus sentimentos, os quais se movem tão rápido na alma que não tenho tempo de defini-los, apenas senti-los.    Acredito que todos nós temos esse momentos de reflexão mas sinto que comigo isso ocorre todos os dias. Talvez isso seja bom, talvez não. Pode acabar por me limitar a um mundo pensativo demais. Mas sinceramente? Prefiro pensar demais à ficar limitado numa alegria construída pelos out

Deslocamento

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   Não sei quando nem como esse sentimento apareceu mas é extremamente presente em meus dias. Parece-me que veio aos poucos, ganhando espaço dentro de mim, sorrateiro, foi plantando suas sementes, criando raízes profundas no terreno da minha alma e, até o presente momento, não vejo forma de serem arrancadas. Esse deslocamento que sinto, na maioria das vezes, me faz pensar. Pensar na vida, nas coisas, nas pessoas, nos costumes, no mundo, no quão pequenos e insignificantes somos perante o universo e em mais uma infinidade de coisas que nem eu consigo descrever. Como é possível eu ter tantas dúvidas e pensar em tantas coisas assim sem entrar em paranoia? Talvez os loucos enxerguem - e aqui me refiro não à enxergar duendes e outras coisas - mais a realidade do os ditos normais. Talvez eles percam a sanidade por enxergar além do que somos direcionados a enxergar. Tudo o que você e eu vemos já estava aqui, construido e incutido no nosso ser. Será que tudo que você e eu conhecemos é a realid

Estados da Alma

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   Talvez, observar, seja minha atividade preferida. Sabe quando você fica em silêncio, apenas conversando com você mesmo e olhando o mundo ao redor? Sabe quando parece que tudo está em câmera lenta, e a essência das coisas saltam aos olhos e aos sentimentos? Aquela música de fundo que, mesmo no volume máximo (o que não recomendo), parece estar abafada pela necessidade de alimentar a alma em profundos pensamentos. Quando qualquer palavra audível soa como aquele alarme estridente de segunda-feira.     Não é tristeza, é só ... pensar. Puro e simples pensamento. Observar e pensar na vida. Não importa realmente o que se olha, apenas QUE se olha. É um refletir sem foco, um escutar sem ouvir, um abster-se de tudo. É um momento onde você encontra a si mesmo perdido no deserto de pensamentos. Quando tudo o que importa é que não importa. Onde tudo é calmaria e só se ouve sua própria voz em pensamento como o farfalhar das plantas em uma brisa.    É um momento totalmente subjetivo, todo seu.

Sad Clown

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   Acredito que todos procuram uma forma de se definir. E, depois de 30 anos, achei a definição perfeita para mim. Baseado no que já vivi, no que sinto dentro de mim, encontrei a forma mais próxima que posso exprimir em nossa cultura humana limitada. Sou como um palhaço em um picadeiro. Um "Sad Clown", um palhaço triste. No picadeiro da vida, vivo encenando e atuando coisas que, na verdade não sinto. Essa alegria demonstrada não está presente na minha alma. Como um ser pensante, não consigo compactuar com as regras, costumes e morais que existem nesse mundo. Talvez todos nós sejamos palhaços de um circo armado a muito tempo, onde precisamos demonstrar atitudes que não seriam de nossa escolha mas que são necessárias para conviver em sociedade.   E quando me olho no espelho e tiro a "máscara", me enxergo como realmente sou. Nessa hora, meu verdadeiro ser mostra-se e com ele vem a realidade de uma vida sem sentido, distante de tudo e todos. Ao cair da máscara, a a